A intermediação de mão-de-obra indígena para a colheita das maçãs em Santa Catarina e Rio Grande do Sul mobilizam as Casas do Trabalhador de municípios que possuem aldeias indígenas em Mato Grosso do Sul.
Desde 2015 essa ação vem sendo realizada por meio de uma parceria entre Ministério Público do Trabalho, Governo de Mato Grosso do Sul – Fundação do Trabalho de MS (Funtrab), Instituto de Direitos Humanos, Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (COETRAE) e Coletivo dos Trabalhadores Indígenas. Essa parceria consolida uma oportunidade ímpar, pois os indígenas eram habituados a trabalhar em lavouras de cana e no entanto, muitos ficaram sem ocupação na época devido à mecanização aplicada nos canaviais e o fechamento de usinas em Mato Grosso do Sul.
Desde o mês de outubro, foram cadastrados e encaminhados para vagas abertas no raleio da maçã, indígenas das etnias guarani e terena das Aldeias Água Branca, Lagoinha e Limão Verde (Aquidauana); Passarinho, Cachoeirinha, Babaçu e La Lima (Miranda); Amambai e Limão Verde (Amambai); Pirajuí (Paranhos); Taquapiri (Cel Sapucaia); Jaguapiru e Bororo (Dourados) e Porto Lindo (Japorã).
O raleio é a primeira etapa do trabalho de plantio da maçã, que se estenderá até meados do mês de abril na região sul e envolve cerca de 7.000 trabalhadores indígenas de Mato Grosso do Sul.
Raleio – Sem o raleio não seria possível produzir frutos de qualidade. Quando muitos frutos se desenvolvem na planta simultaneamente, geralmente não adquirem adequado tamanho e qualidade no momento da colheita. É necessário para ajustar o número de frutos na planta, de forma que as maçãs restantes apresentem tamanho adequado à aceitação comercial.
A Funtrab, vinculada à Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciencia e Inovação), orienta as Casas do Trabalhador para que realizem o atendimento com entrevista pessoal, cadastro no Sistema SINE, baixa da Carteira de Trabalho Digital e emissão da carta de encaminhamento a ser apresentada na empresa contratante, visando assegurar todos os direitos trabalhistas. Em Amambai, Aquidauana, Dourados, Iguatemi e Miranda foram abertas 1.077 vagas e encaminhados 1.000 trabalhadores, sendo 60% do município de Amambai, que concentra a maior população indígena do Estado.
O diretor-presidente da Funtrab Ademar Silva Júnior comenta sobre o impacto positivo que o emprego digno promove integração à sociedade e cidadania na vida desses trabalhadores. “Além dos indígenas terem todas as garantias trabalhistas, a economia dos municípios também é beneficiada. O salário recebido é gasto nos municípios onde os trabalhadores residem, fazendo a economia girar ”, explica o dirigente.
Para os primeiros meses do ano de 2024, quando acontecerá a colheita da maçã, estima-se a abertura de milhares de novas vagas pelas empresas que integram o setor produtivo da cultura da maçã nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Cláudia Yuri, Funtrab