A taxa de rotatividade no mercado de trabalho brasileiro alcançou 62,8%, em 2014. Entre 2003 e 2007, esse índice ficou na média de 54% no segmento de celetista. Passou por uma elevação em anos recentes e chegou a 63%, entre 2008 e 2014. O indicador envolve as admissões e os desligamentos praticados, com especial atenção dedicada às movimentações contratuais no setor privado, onde os trabalhadores não possuem estabilidade no emprego, como os empregados estatutários.
O Estudo é resultado de um convênio do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e foram apresentadas nesta semana na Oficina de Rotatividade: Os desafios para enfrentar a rotatividade no mercado de trabalho brasileiro: análise com recorte setorial, realizada em Brasília.
As apresentações mostraram uma forte movimentação contratual no mercado de trabalho, ao longo de 2014. O mercado celetista registrou 65,8 milhões de vínculos de empregos e chegou ao fim do ano com 40,6 milhões de postos de trabalho ativos – de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Desse total, 25,3 milhões de vínculos foram desligados ao longo do ano em análise.
Os expositores do DIEESE esclareceram que a taxa de rotatividade pode ser analisada em duas perspectivas. A primeira em que a demissão ocorre a pedido do trabalhador e a segunda em que a demissão decorre de uma decisão unilateral do empregador. Quando consideramos ambos os tipos de demissão, estamos medindo a taxa de rotatividade global do mercado de trabalho. Quando consideramos apenas a demissão sem justa causa, por iniciativa do empregador, estamos medindo uma taxa de rotatividade dita descontada.
No período de 2003 a 2007, a taxa de rotatividade global no segmento celetista situou-se numa média de 54% e elevou-se nos anos recentes, chegando a média de 63% entre os anos de 2008 a 2014. Nesse período, atingiu seu pico em 2011, com 64,5%, e decaiu para 62,8% em 2014. Já a taxa de rotatividade descontada, nos anos de 2003 a 2007 situou-se em 41,1% e elevou-se para 43,7% nos anos de 2008 a 2014. Nesse período, a maior taxa foi verificada em 2008, com 45,0%, decaindo para 43,1% em 2014.
Os expositores ressaltaram ainda que, nos período de maior crescimento do emprego, há uma tendência à ampliação da rotatividade provocada pela iniciativa do próprio trabalhador. Em 2003, a taxa de rotatividade global era de 52,4%, sendo que, desse percentual, 11,5 pontos percentuais correspondiam à parcela de demissões por iniciativa do trabalhador. Em 2011, quando a taxa de rotatividade alcançou o pico de 64,5%, a parcela correspondente à iniciativa do trabalhador ampliou-se para 20,5 pontos percentuais. Nesse período, houve uma expressiva geração de empregos formais no segmento celetista, passando de 22,3 milhões para 37,6 milhões de vínculos ativos, uma média de crescimento da ordem 1,7 milhões de novos postos de trabalho ao ano.
Dados regionais e setoriais – Em termos regionais, os dados mostram taxas de rotatividade mais elevadas nos estados de Mato Grosso (67,9%, em 2014) e Goiás (53,4%), na região Centro-Oeste, que revelou a maior taxa de rotatividade no Brasil (52,6%). E ainda em Tocantins (53,1%), Rondônia (51,0%) e Roraima (50,0%), da região Norte, que teve a segunda maior taxa de rotatividade brasileira (48,3%).
Alguns estados se destacam por uma taxa de rotatividade acima da média da sua região, como Bahia (45,4%), Maranhão (45,1%) e Pernambuco (44,8%), no Nordeste (43,3%), e Minas Gerais (47,7%), no Sudeste (41,6%). A taxa de rotatividade é relativamente menor e mais estável nos estados da região Sul do país (42,0%), sendo que o Paraná (42,9%) possui taxas mais próximas à média nacional. Os dados apontam uma maior incidência da movimentação dos postos de trabalho em setores e atividades que demandam trabalhadores mais jovens e menos escolarizados.
Os setores mais afetados pelas altas taxas de rotatividade são a Agricultura e Pecuária, a Construção Civil e o Comércio. São setores cujas características próprias da atividade econômica incidem nessa questão, seja por estarem atreladas a aspectos sazonais ou por causa da dinâmica de produção, como é o caso da Construção Civil, com trabalhadores alocados em obras por prazo determinado.
Fonte: MTE