Campo Grande (MS) – Com intuito em contribuir na elevação do emocional e na cura dos traumas ocorridos por abuso e violência, que passaram a maioria das custodiadas do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, e prepará-las para o retorno e convívio social após o cumprimento da penalidade, a Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) firmou parceira com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Associação Pro-Eva com o Programa de Empoderamento a Vítimas de Abusos.
O programa terá início em (07) de dezembro, com previsão de duração de 14 semanas, após o início o projeto terá continuidade as terças-feiras, das 8h: 30 às 11 horas, no Irmã Irma Zorzi, o projeto contemplará às custodiadas que quiserem participar, os grupos serão divididos em 20 mulheres por vez.
As mulheres custodiadas que já sofreram violência e ainda estão em um momento delicado por estarem em regime fechado, necessitam de uma atenção especial. No MS estão cerca de 1.134 mulheres custodiadas o que equivale a 9,92% da população carcerária estadual e 3,4% da população carcerária feminina nacional, em 12 estabelecimentos prisionais (sete penitenciárias e cinco casas de albergado), que possuem capacidade para 933 presas, um déficit de 201 vagas (21,54% das vagas femininas do Estado).
O projeto elaborado pela Associação Pro-Eva (Programa de Empoderamento a Vítimas de Abuso) visa incentivar uma conversa franca e aberta sobre vários assuntos e romper com o silêncio que protege os autores dos crimes de abuso e violência, que na maioria dos casos são praticados por pessoas próximas. Para isso foi montada uma equipe multidisciplinar composta por psicólogas, assistente social e pedagoga.
A violência contra mulher é uma ação que persiste mesmo com várias políticas públicas implantadas, campanhas e outras ações que visam combater à violência contra as mulheres. Esse tipo de violência no MS possui dados preocupantes, entre os Estados no país, o MS ficou em 2ª lugar em números de denúncias pela Central de Atendimento à Mulher (180), com uma quantidade em 1.126 registros, entre as capitais no país, Campo Grande foi a capital com a maior taxa de atendimentos registrados em 2014.
Para que haja o empoderamento dessas mulheres é que o projeto foi criado, o intuito das terapias é o fortalecimento psicológico, a elevação da autoestima das participantes, que sairão prontas para o retorno e ao convívio social. As profissionais incentivarão às mulheres que sofreram abuso ou violência em romperem com o silêncio, realizarão o esclarecimento sobre o que é considerado como abuso, os diferentes tipos de violência, psicológica, sexual, moral, patrimonial, física, dentre outras, com objetivo em pontuar diagnosticar alguns dos sentimentos mais comuns de quem sofre por um trauma, medo, ódio, culpa, vergonha, dentre outros.
Serão ministradas palestras referentes ao tema, oficinas de compartilhamento de experiências, orientação psicológica, rodas de conversas, dinâmicas de grupo, e outras atividades. De acordo com a criadora do projeto e Psicóloga e Coach da Funtrab, Giseli Oliveira, “a intenção é tirar essas mulheres da condição de vítimas e levá-las a descobrirem que cada uma tem potencial para romper limites, e com isso superar os traumas, enxergar a vida por outra ótica, para que não se permitam mais serem abusadas”, ressalta.